segunda-feira, 25 de março de 2013

Queda Livre

A sensação do vento na cara e o corpo se tornando leve sem importar o quão pesado realmente está, isto é queda livre. Só quem já caiu de uma altura considerável pode entender essa sensação, o momento em que o corpo perde o chão fixo e eleva os batimentos cardíacos, os olhos ficam esbugalhados, a pele sofre o atrito do ar e de repente você tem a falsa impressão de estar voando. É bom, é gostoso. Mas, o fundo se aproxima, o chão é certo. Todo aquele momento há de ter fim, em abrupto susto de ansiedade pela salvação.

E quando se fala de salvação é memorável o olhar para cima, como se das nuvens pudesse vir algo e te segurar. E sempre em uma dessas visões, como uma Madonna segurando um brilhante Jesus, é possível ver alguém. Pai, Mãe... Deus?! A silhueta contra o sol faz ser impossível diagnosticar. O certo é buscar na lembrança quem estava perto de você, quem te alimentou, quem te levou até ali e... quem foi mesmo que te empurrou?

Sim, nem toda queda livre é realizada por vontade própria, com pará-quedas nas costas a partir de um aviãozinho controlado. Ás vezes a queda livre é por vontade imprópria, imposta. E quem te empurrou mesmo? Sim, foi o ser que você mais confiou. Mas, isso não faz diferença agora, quem está caindo rumo ao fim é você. O jeito é se revirar, perceber que o ar bate no seu corpo e muda sua direção. Esticar seus membros e ver que eles podem planar, sobreviver implica em mover-se e isso faz você voar. Subindo de novo ao ponto em que caiu e ver que, para se fazer valer como uma águia, foi preciso ser lançado. Aprendendo a simples lição da vida: nem sempre amar é estar junto e cuidar é levar nos braços, muitas vezes o "não"e o "abandono" é a melhor forma de mostrar aos seres vivos que eles podem ser... o que eles quiserem ser.

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