segunda-feira, 25 de março de 2013

Queda Livre

A sensação do vento na cara e o corpo se tornando leve sem importar o quão pesado realmente está, isto é queda livre. Só quem já caiu de uma altura considerável pode entender essa sensação, o momento em que o corpo perde o chão fixo e eleva os batimentos cardíacos, os olhos ficam esbugalhados, a pele sofre o atrito do ar e de repente você tem a falsa impressão de estar voando. É bom, é gostoso. Mas, o fundo se aproxima, o chão é certo. Todo aquele momento há de ter fim, em abrupto susto de ansiedade pela salvação.

E quando se fala de salvação é memorável o olhar para cima, como se das nuvens pudesse vir algo e te segurar. E sempre em uma dessas visões, como uma Madonna segurando um brilhante Jesus, é possível ver alguém. Pai, Mãe... Deus?! A silhueta contra o sol faz ser impossível diagnosticar. O certo é buscar na lembrança quem estava perto de você, quem te alimentou, quem te levou até ali e... quem foi mesmo que te empurrou?

Sim, nem toda queda livre é realizada por vontade própria, com pará-quedas nas costas a partir de um aviãozinho controlado. Ás vezes a queda livre é por vontade imprópria, imposta. E quem te empurrou mesmo? Sim, foi o ser que você mais confiou. Mas, isso não faz diferença agora, quem está caindo rumo ao fim é você. O jeito é se revirar, perceber que o ar bate no seu corpo e muda sua direção. Esticar seus membros e ver que eles podem planar, sobreviver implica em mover-se e isso faz você voar. Subindo de novo ao ponto em que caiu e ver que, para se fazer valer como uma águia, foi preciso ser lançado. Aprendendo a simples lição da vida: nem sempre amar é estar junto e cuidar é levar nos braços, muitas vezes o "não"e o "abandono" é a melhor forma de mostrar aos seres vivos que eles podem ser... o que eles quiserem ser.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Ressaca moral

Paulinho foi dormi com aquela baita ressaca moral. Tinha feito algo que não deveria ter feito e agora estava com aquele sentimento de remorso por conta disso. Não que ele se arrependesse daquele modo de falar  "putz, como foi ruim". Por que não foi ruim, foi bom, em certo sentido, apesar dos pesares que teve que passar. A questão aqui não é o que Paulinho fez e sim o sentimento que agora o perturbava, afinal, aquilo que o pobre fez não era lá bicho de sete cabeças se fosse perceber o contexto todo. Muita gente ainda por cima não tinha problemas de remorso depois disso. Mas, Paulinho por ter ouvido uma vez que isso era embaraço, agora não conseguia se livrar desse pensamento o julgando.

No outro dia esse sentimento ainda o perturbava. Vergonha. Ninguém sabia o que ele tinha feito, todavia, lá dentro da sua cabeça havia um martelo fixando o fato para que não esquecesse. A vergonha é algo notável, ela te amarra. Não que ela seja uma amarra de vida e sim que ela realmente te amarra a um marco imaginário. Você não se move. Fica nu diante da situação, envergonhado, sabendo que mover-se mais ainda te envergonhará.

Vergonha até permite você se aproximar das pessoas, entretanto, lá dentro de si você não se aproxima. "Será que se elas soubessem o que eu faço quando elas não estão por perto, ainda assim, ficariam perto de mim?". Então, a vergonha te distancia até o remorso passar, a consciência deixar de martelar e você se encontrar de novo bem. Até que... "putz, de novo". Mas um dia Paulinho ficou com ressaca moral.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Não valemos nada

Há pessoas que nos orgulham e há pessoas que, como nós, são pura decepção. E é hilário como por mais bom que possamos ser, ainda haverá uma pitada de "sacana" em nossa estrutura. Ainda seremos os filhos que não tem tempo para os pais, mesmo depois de terem dedicado a vida e a grana deles em nós. Somos aqueles que amamos muito, e vez ou outra não amaremos de volta o mesmo tanto que alguém nos ama. Podemos trair, podemos pensar em trair, o que já seria hipoteticamente uma traição. Usaremos nossos preconceitos, seremos rudes desnecessariamente. E, por ai vaí...

Costumo pensar que ingratidão é o pior dos males. Uma pessoa ingrata fere mais do que qualquer outra, pois ela usa tudo que lhe foi confiado e depois sem dar a mínima "toca o barco", deixando a outra pessoa em um vazio, ou como diria os adolescentes "no vácuo". Por isso, fico aqui pensando o quanto de maldosa ingratidão posso estar espalhando por aí. Por outro lado ainda permanece a questão: "Como não ser ingrato?"

E sem essa resposta acredito na impossibilidade. Por que seres humanos não conseguem não ser ingratos. Eles realmente não possuem esse código genético dentro deles. Pois, vez ou outra, iremos cometer qualquer atrocidade (por mais singela que possa parecer) contra alguém que jurará de pé junto que não deveria ser assim. Seremos consumidos por nossas paixões, nossa sede do novo, nossa utópica liberdade, vontade de sermos e dizermos o que quisermos. E, violando outras pessoas, manteremos firmes nossa bandeira de auto-expressão ou de ir e vir com liberdade. No fundo, toda expressão de ingratidão revela o egoísmo. Seja de quem agiu com ingratidão ou de quem sentiu a ingratidão com o desejo de receber a recompensa pelo retorno. Profunda dúvida permanece... "Ser ingrato, ser egoísta ou não ser humano?".

sexta-feira, 15 de março de 2013

Sorriso.

Há gente que reclama de sorriso amarelo. Como pode? Um sorriso é o caminho para a reconciliação, para a paz e o amor. Se sorrir mostrando os dentes já é contagiante, o sorriso de ampliar o rosto é emocionante e a risada é quase um abre-alas. Porque o sorriso amarelo não pode entrar na lista?

Calma, não se ofenda. Sorrir faz bem para a saúde, afinal, não sorrir é bem pior. Passe por alguém e comprimente e espere o retorno. Um olhar sério, balançando a cabeça, uma inclinação de sobrancelha tudo é relevante. Entretanto, o ambiente continuará formal. Sério. Tenso. Arrancar um sorriso em um ambiente assim é algo incrível.

E o sorriso? Tente ser amável com alguém assim. Tente de novo. Tente amanhã. Dê um presente. Peça perdão. Fale algo carinhoso. Seja gentil. Quando essa pessoa, depois de tudo isso, der aquele sorriso amarelo e sem graça. Uau. Que grande passo! Fique feliz, depois de um sorriso amarelo é sempre mais fácil encontrar o sorriso sincero e arreganhando os dentes. Por isso, sorria! Não para ser positivista ou positivo no dia. Sorria porque o mundo precisa de sorrisos para quebrar a solidez e mudar os corações.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Tristeza

Tristeza é como uma erva daninha. Não que eu saiba tudo de jardim para fazer essa analogia, todavia, pelo que dizem por ai essas plantinhas causam bastante problema. Acho que estar triste é como elas, crescem devagar entre o jardim e para arrancar é um saco. Estar triste para mim é diferente de ser triste, o que por sua vez é bastante distante de ser depressivo ou estar com sintomas depressivos. Mas, no fundo, se juntarmos tudo no mesmo pacote tenho a leve impressão de que todas essas coisas nascem da mesma forma.

Um acontecimento não muito bom, agraciado por um aspecto de desesperança faz brotar as mudinhas de tristeza no coração. E desesperança é o alimento da tristeza, quanto menos você acredita que a situação pode mudar mais a tristeza cresce. Quando os fatos cotidianos colaboram com a desesperança a tristeza vai afundando suas raízes. Acredito que é por isso que amigos são importantes, eles tem o poder de alimentar esperança e renovar as forças para se acreditar em uma mudança. Porque é justamente acreditar que algo pode mudar que altera o fluxo da tristeza.


Pergunte agora a alguém que esteja triste se é fácil assim! Ele vai baixar os olhos e pensar sobre o fato de você não saber nada do que ele está passando. Porque tristeza é uma raiz forte, ela vai fundo e quando se assenta, derrubar é coisa de outro mundo. Estar triste faz parte da vida, ser triste é um estilo de vida, estar com sintomas depressivos pode ser uma causa de médico e ser depressivo é um problema grande. Em todos os aspectos, acredito eu, tristeza nunca será algo bom. É por isso que as pessoas deviam ter um radar para detectar tristeza ao redor delas e combater. Não no intuito de proibir mas sim para trabalhar para vencê-la. Quem sabe ai amigos seriam mais eficazes, namoradas mais próximas, pais mais presentes, colegas de trabalho mais conselheiros. Entretanto, já diz o triste escritor para as nuvens da janela: "Ah, pobre pequeno! O mundo não é assim!".