segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O olhar

As pessoas não se olham mais, perceba alguém falando com você e conte quantas vezes ela está diretamente te olhando. Poucas. Quando os olhares se cruzam em alguns segundos alguém o desviará. É involuntário, encarar causa um certo desconforto, parece que alguém está te invadindo, descobrindo, interpretando.

Acho interessante o olhar, pois ele constrói a intimidade ou revela a falta dela. O olhar revela respeito ou desrespeito, consegue infligir superioridade ou revela igualdade. No olhar se diz tudo, inclusive aquilo que se quer esconder.


Quanto tempo você ficou olhando sua mãe, seu amigo, seu colega de trabalho. O olhar cria memória e torna eterno momentos curtos. Posso te dar uma dica hoje? Olhe mais essa semana, para as coisas e as pessoas, encare mais. Se deixe revelar e permita-se revelar a outros.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O prazer de ser pecador...

Já ouvi dizer: "você é um homem de Deus". E talvez essa tenha sido a frase menos certa que alguém poderia me dizer. A presença de Deus é dada a qualquer pessoa que quiser se aproximar dele, sem acepção, sem favoritismo. Diagnosticar pessoas como "homens de Deus" ou "mulheres de Deus" é um erro por si só, como se isso fosse uma badge que você ganha no Foursquare por ir bastante na igreja ou ter dado vários check-in nas vigílias que se tem por ai. A comunhão com Deus não é medida assim e se você acreditar que é e que você realmente é um super dotado "homem de Deus", sem perceber, irá se transformar exponencialmente em um soberbo de merda que prefere a bolha dos "fulanos de Deus" ao invés de andar e viver a vida real com homens e mulheres reais.

Conheci "homens de Deus", homens que se diziam ou as pessoas diziam que eles eram assim. Foi perceptível suas mudanças, mesmo que eles jurem que seja um processo de santificação e evolução cristã (se é que podemos afirmar que existe isso entre a mensagem dita por Jesus). Uma coisa é fato, foram esses que pararam de andar entre os doentes e os pecadores e começaram a criar templos, momentos, reuniões para "santos" e aos poucos incluir uma teologia que para ser assim você não pode andar com os diferentes de você.

Ser pecador não me dá prazer em ficar pecando e ficar trollando o Reino de Deus. Pelo contrário, é sabendo quem eu sou e, principalmente, quem eu não sou que eu posso viver sem essa soberba disfarçada de santidade, ser mais humano e filho de Deus. Afinal são esses filhos que Jesus teve por missão levar para dentro da família outra vez, ele me conhece e se me ama, me ama assim mesmo, se eu mudar ainda me amará. Porque amor é incondicional e se ele me deu é porque é sincero e não tenho que me travestir de "homem de Deus" para conseguir isso.