segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Uma (des)Crônica


A cidade amanheceu fria e em um cinza que anunciava chuva. Não qualquer chuva, mas aquela chuva suja, cheio de resíduos acumulados pela poluição e seca de mais de cem dias sem chover. Apanhar o trânsito para o trabalho de moto é sempre um desafio, ele se vestiu de inúmeros agasalhos e fazendo uma prece ligou a magrela e partiu.

O caminho era tão comum que sua mente nem mais se ligava no que passava. Como se estivesse no piloto automático foi dar-se por conta de si ao sentar diante do PC do escritório. Os mesmos rostos, os mesmos “bons dias”, uma repetição que ia ser quase absoluta se não fosse pelo fato do escritório da torre empresarial do lado estar desocupado. Um ponto vazio na vista da janela, uma vista tão boa que qualquer ironia sobre ver só janelas e cinqüenta centímetros do céu seria desnecessária.

Como as pessoas podem fazer sempre a mesma coisa? Já vivemos tão pouco — pensou angustiadamente. Ultimamente nada fazia sentido, nem os sonhos, nem os planos que fizera para alcançá-los. Porém, um dos maiores vícios era imaginar. Lembrava exatamente do primeiro dia que isso começou e dizia para si mesmo que lembrava qual tinha sido a primeira vez que fez isso conscientemente. Nunca mais largou, a esse vício muitos outros se somaram e aparentemente de nenhum se libertou.

Continuar contando seu dia seria o mesmo que matar-nos de tédio. Sentiríamos uma dó tão grande que o assassinaríamos por pena ou nos suicidaríamos de desgosto, todavia das opções nenhuma o salvaria. Naquele dia a única coisa que o salvaria era ouvir. Ah! Mas para isso precisaria um milagre: deixar a surdez. E todos sabem que milagres não existem. Ou existem?!


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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Quando o Amor precisa do Ódio



Já ouvi tanta balela sobre o amor e muito mais sobre o perdão. As pessoas não entendem o primeiro como
se poderá dizer que entendem o segundo?

Sobre o amor há filosofia, há empirismo, há especulação, há memória, há imaginação. Sobre o perdão nada há. O ser humano praticamente, para não dizer nunca, pensa sobre fatalidades a si ou aos seus próximos. Traição, mesmo que existe no fundo do pensamento a possibilidade, ninguém quer acreditar que isso irá lhe ocorrer. Ou seja, por mais que pensássemos negativamente, não há um só ser que realmente anseie pela sua auto-destruição (nota: ok! talvez haja um, mas tirando as pessoas que sofrem de problemas de distúrbios como esse, falamos do que é comum. E não de exceções quase inexistentes).

Ouvi certa vez sobre a história de dois irmãos, passo-lhes a contar a fim de no final poder comentar o que penso a respeito do tema.

Eis seus nomes: Esaú e Jacó. Ambos brigaram desde o ventre contou a mãe. Ao se definir qual iria ter a chance de ser o primeiro dos gêmeos a ver a luz do nascimento, se atracaram os bebês como se brigassem no ventre pela preferência. E daí por diante, a cada dia, os dois irmãos iam disputam sobre tudo dentro da casa.

Conta-se por aí que o mais novo, Jacó, se apegou muito a mãe. Por outro lado, Esaú, se apegou ao pai. Suas índoles eram diferentes, assim como seus traços físicos. Pela lei e tradição cultural/religiosa em que viviam o primogênito detinha as bençãos da família, enquanto o outro irmão viveria para servi-lo.

Quando o pai envelheceu bastante e se aproximou a época de designar as bençãos ao filho mais velho, esse foi ao campo caçar algo para cozinhar ao pai antes de tal ritual. O mais novo, juntamente com sua mãe, ousaram montar uma trapaça em cima do irmão, enganar o pai para que abençoasse o mais novo ao invés do primeiro filho. E assim tocaram o plano: disfarces, cozinharam uma carne que já estava lá, disfarçaram a voz do menino e o levaram ao pai, que já estava cego da velhice.

O pai enganado, abençoou o mais novo. Jacó então se escondeu. Quando o mais velho chegou com a caça, a preparou e levou para o pai. Ao chegar lá, ouvir o velho dizer que já o tinha abençoado. E daí em diante Esaú o odiou para sempre. Ou melhor para sempre, não.

Jacó ao ouvir que seu irmão estava nervoso juramentando-o de morte, fugiu. E por longos anos nunca mais se falaram. Até o dia em que Jacó resolveu voltar a terra de seu pai, depois que já havia ficado rico e constituído família. Porém, Jacó lembrou do ódio do irmão e começou a  imaginar como ele seria torturado e escorraçado de lá.

No meio do caminho de ida encontrou seu irmão com um grupo de pessoas que o seguiam. Gelou corpo e alma. Porém, estranhou quando Esaú lhe dirigiu um abraço e um longo sorriso. Provavelmente Jacó se perguntou o resto do caminho por que cargas d'água havia amor no lugar do ódio que conheceu.

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Nos vemos em breve no sofá para terminar esse colóquio que começamos, caso se empolgue com o tema venha terminar o papo no domingo, em Brasília, na Igreja Cristã, hotel Confort Suítes, Taguatinga Centro. Não tem erro nenhum, se ainda tiver dúvidas clique aqui. Querendo Deus estaremos lá palestrando sobre esse tema. Entre em contato ou compartilhe. Abraços.


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