terça-feira, 30 de outubro de 2012

Série: Comentando o Sábio Mulherengo - #2

Neil. Moralee by Flickr


Se você chegou aqui. Primeiro, não ouse começar a ler esse texto sem passar pelo primeiro texto. Não é assim que se faz com uma série. Risos. Segundo, um bem vindo a você que leu o primeiro texto e resolver continuar essa saga de comentários sobre os textos de um homem que dormiu com mais de mil mulheres.

Eis, a continuação de seus textos e sua filosófica sabedoria:


Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.
Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?
Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie de fruto.
Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
Adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de instrumentos de música de toda a espécie.
E fui engrandecido, e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.
E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.
Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.
Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos.
Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade.
Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!
Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito.
Também eu odiei todo o meu trabalho, que realizei debaixo do sol, visto que eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.
E quem sabe se será sábio ou tolo? Todavia, se assenhoreará de todo o meu trabalho que realizei e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isto é vaidade.
Então eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante ao trabalho, o qual realizei debaixo do sol.
Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, conhecimento, e destreza; contudo deixará o seu trabalho como porção de quem nele não trabalhou; também isto é vaidade e grande mal.
Porque, que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da aflição do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?
Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade.
Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.
Pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu?
Porque ao homem que é bom diante dele, dá Deus sabedoria e conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Deus. Também isto é vaidade e aflição de espírito.
Eclesiastes 2:1-26

O velho ao entender que o significado de compreender as coisas trazia um extremo desafio de levar nas costas a verdade, fez o que todo homem acaba por fazer engatou o copo cheio pra dentro. Mas, diferente de um bêbado chorando ao ombro de um garçom ele se empenhou em pensar sobre a vida e as coisas que traria prazer. O caminho tomado, não novo por se dizer, foi a construção de bons momentos, experiências e projetos.

Aqui já se faria feliz qualquer escritor de auto-ajuda. Obras, casas, vinhas, jardins, lugares bonitos, trabalhadores, fazendas, mais popularidade do que todos de sua região, dinheiro, muito dinheiro, festas, mulheres. Óbvio, tudo isso lhe trouxe felicidade. Prazer. E o bom senso de pensar sobre as coisas agregou ao velho sábio mais sabedoria. Todavia, os mais loucos sempre fazem a pergunta que não deveriam fazer quando alcançam esse auge: "Que me serviu tudo isso?".

E ai é o que velho já havia falado, a compreensão dos fatos traz o peso. Qual o motivo te ter feito tudo isso? Vaidade. Queria isso para mim e suprir os desejos dos meus olhos, essa era a intenção. E o que há de melhor? Sabedoria no andar e clareza na vida.

Todavia, com o tempo algumas coisas acontecerão, por exemplo, tanto o sábio quanto o tolo morreram. Suas histórias podem ser esquecidas. E todo o trabalho realizado e as coisas conquistadas? Ficariam para um outro. Os filhos talvez. Acumular tanto, crescer tanto e aproveitar tão pouco. Provável que a aposentadoria traga o esperado descanso e a maldita velhice. O que há de pensar um homem se ver que o tempo lhe sobrevém e que o tudo pode se tornar nada.

Assim, o primeiro passo é a abnegação. Desprezar as próprias conquistas e diminuir a vontade de fazer tudo que os escritores de auto-ajuda falaram. Tanto cansaço e aflição para ser bom, sábio, inteligente e rico. Vaidade em tudo. E então, a paz e certeza da felicidade irá se desvanecendo. O velho, da vaidade do outro texto encaminhou-se para esse das incerteza nas conquistas cotidianas da sociedade. E para alcançar um pensamento sublime em cima do caos que se revelava reconheceu a intenção de Deus para os bons e maus. Agora, qual caminho traria pensar sobre essa certeza? Encontrar a continuação dos devaneios ou sabedorias do velho mulherengo necessitará continuar os textos. E você meu amigo teimoso, que não deveria ter chegado até aqui...algo me diz que nos veremos amanhã. Todavia, já que estamos nessa linha juntos compartilhe algo logo abaixo. Se não estou sozinho é sempre bom saber que tem alguém por perto também. De forma pessoal e não pelos relatórios do Google Analytics, risos.


Boa noite.






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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

#NAOLEIA - Série: Comentando o Sábio Mulherengo - #1

Nwardez by Flickr


Se você está lendo já desobedeceu a primeira expressão que eu disse. Desobediente. Ovelha negra.

Se ainda insiste até essa linha você é um renegado incurável. Tem perguntas que te inquietam e talvez até duvide de que exista alguém para respondê-las. Nessa caso, já que sua ousadia não tem cura só me resta dizer "bem-vindo". Ouso assumir que sou louco e comentar as falas de um homem mulherengo. Todavia, uma pessoa inquietante.Em sua história preferiu a sabedoria do que as mulheres. E não é que por ter sido sincero nesse pedido ele não ganhou justamente sabedoria, mulheres e riqueza. Haja sorte assim para um homem só. Porém, quem caminha atrás de sabedoria acaba por descobrir estranhas verdades. Como disse um personagem de um livro que será lançado: Não busque a verdade se não estiver disposto a aceitá-la quando a encontrar.


Eis o início do falatório:


Sábio Mulherengo, vulgo Salomão, em seu segundo livro denominado "Eclesiastes":


Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.
Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.
Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.
Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.
Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento.
E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
Eclesiastes 1:1-18
 Já lhe ocorreu aquela sensação de "para que raios eu estou fazendo isso?", comigo já e inúmeras vezes. Acho cômico o início de um sermão de um velho sábio começar com "vaidade... vaidade... vaidade". O que menos admitimos na vida é que somos vaidosos. Fazemos isso ou aquilo para os outros mas prestamos relatórios e colocamos fotinhas nossas chorando nas redes sociais. Vaidoso! Trabalhamos duro e gastamos com nós, ou nossa família, é claro. Para que? Para todos terem o melhor, serem os melhores e no final das contas podermos dizer que estamos bem. Vaidosos! Fazemos rituais religiosos e contamos para todos, obviamente, disfarçadamente entre uma linha e outra em um contexto que foi costurado singularmente para não parecer ostentação. Vaidosos! E no fim de um pensamento como esse refletimos: "que diferença isso faz!" O sol sobe e desce, o vento vai e volta, as águas seguem ignorando o fato de clicarmos elas no Instagram. E assim, trabalhamos em um sistema humano que não precisaria existir. Geração após geração. Repetindo um ciclo que propagamos não haver anteriormente existido. E como aqueles loucos que afastamos em hospitais psiquiátricos, também levamos nossas vida dizendo que somos normais e, diferentemente, caminhamos nas ruas sendo apenas "nós mesmos".

Então, tirando as fotos dos álbuns e os livros que sobreviveram ao tempo, temos um pedaço da imensa verdade do que foi o passado. Julgamos ser completa, todavia, o mais completo livro ainda é incompleto em relação ao todo que aconteceu realmente.

O velho foi rei, teve muitas mulheres. Muitas mulheres, mesmo! E se dedicou a desvendar algumas perguntas. E percebeu que tudo isso, até o motivo que lhe fez escrever o livro, era vaidade e não só isso, como também aflição. "Porque?" Pergunta você todo afoito esperando ouvir a resposta. É simples, por que você não obedeceu o que deveria ter obedecido: #NAOLEIA. Procurar o conhecimento implica em descobrir verdades. E mesmo que você diga que está pronto para elas. Bem, meu amigo: VOCÊ NÃO ESTÁ! Existem verdades que te enlouqueceriam mesmo você já em sua vaidade dizer: "Eu já vi de tudo nessa vida". Não, você não viu! Muita sabedoria é cansaço (enfado) e quanto mais você tiver mais dor terá porque terá que carregar o fardo de saber dessas verdades e ter que decidir o que fazer com elas.

Assim,  o velho mulherengo começou seu segundo livro de sabedorias. Aqui deveria ser a pausa em sua vida. Realmente quer seguir a jornada? Realmente quer ler o que esse amante das mulheres tem a dizer? Quer dor, cansaço? Não busque a verdade se não estiver pronto para aceitá-la quando a encontrar. Digo isso a anos e ninguém me escuta. Não volte aqui amanhã. E acima de tudo, leia qualquer coisa desse blog. Menos essa série, é claro.




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terça-feira, 9 de outubro de 2012

#CRITICA - Proletários e o sonho americano, ops... brasileiro.


O Brasil está em bons tempos econômicos, ouvi algumas pessoas falando. A nova classe C está tendo poder de compra, vi em outro relatório outro dia. Eleições anunciam grandes fracassos ao poder, se interpreta do resultado das eleições; a classe B se institui com mais força esse ano, é a nova pauta dos jornais. Os juros prometem cair, as taxas bancárias também. Um bolha imobiliária se infla mais não estoura. Resumindo, nosso país está muito bem. Ou não.

Aqueles que vendem o produto do seu esforço humano, trabalho, em troca de sobrevivência está seduzido pelo capitalismo inalcançado, tendo mais cédulas de reais para gastar, porém, reforçando o ciclo desse mercado que agora está fazendo campanhas específicas para eles. Como assim? Bem, o nome disso é proletariado. A grande massa de pessoas que não podem usufruir do seu trabalho para vendê-lo sem se vender, e se permite a explorações para poder sobreviver. Sim, não serei hipócrita, as condições de trabalho melhoraram, as leis de CLT estão bem solidificadas no país, a justiça trabalhista é uma das mais rápidas e a cada dia parece que essa massa está muito bem. Todavia, lá no fundo da questão. Os proletários continuam trabalhando porque parar significa extinção.

Mas eles podem trabalhar e ainda ter um dinheirinho para um iPhone! Eles podem consumir viagens pelo Brasil. Os novos classe média podem parcelar produtos caros. Isso para mim parece tudo ilusão. Na verdade, me aparenta uma outra palavra: tortura. É torturante ter que trabalhar dois anos ou mais pelo sonho capitalista de conhecer a Europa. Me parece angustiante trabalhar e vender sua mão de obra aguentando qualquer coisa para poder comprar um Negresco para o filho todo o mês. Se endividar, depois limpar o nome, depois parcelar, depois pagar as atrasadas, depois quitar e depois comprar de novo uma nova coisa. Uau! Que correria. Quando você menos percebe, gastou a vida tentando ser menos proletário. Acabando, por fim, sendo mais proletário ainda com sonhos capitalistas para no fim repassar isso como tradição para sua prole. Tente escapar! - ouço um desses dizer ao filho. E como o sistema é tão bem montado, vamos lá para o início do texto começar tudo de novo, só que dessa vez com os herdeiros do pobre coitado que vendeu sua vida em troca de nada, por desejos que nunca teve realizados no final das contas.

Agora sim, nesse texto faz sentido usar a frase: "Proletários de todos os países, uni-vos!".



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