sexta-feira, 22 de março de 2013

Ressaca moral

Paulinho foi dormi com aquela baita ressaca moral. Tinha feito algo que não deveria ter feito e agora estava com aquele sentimento de remorso por conta disso. Não que ele se arrependesse daquele modo de falar  "putz, como foi ruim". Por que não foi ruim, foi bom, em certo sentido, apesar dos pesares que teve que passar. A questão aqui não é o que Paulinho fez e sim o sentimento que agora o perturbava, afinal, aquilo que o pobre fez não era lá bicho de sete cabeças se fosse perceber o contexto todo. Muita gente ainda por cima não tinha problemas de remorso depois disso. Mas, Paulinho por ter ouvido uma vez que isso era embaraço, agora não conseguia se livrar desse pensamento o julgando.

No outro dia esse sentimento ainda o perturbava. Vergonha. Ninguém sabia o que ele tinha feito, todavia, lá dentro da sua cabeça havia um martelo fixando o fato para que não esquecesse. A vergonha é algo notável, ela te amarra. Não que ela seja uma amarra de vida e sim que ela realmente te amarra a um marco imaginário. Você não se move. Fica nu diante da situação, envergonhado, sabendo que mover-se mais ainda te envergonhará.

Vergonha até permite você se aproximar das pessoas, entretanto, lá dentro de si você não se aproxima. "Será que se elas soubessem o que eu faço quando elas não estão por perto, ainda assim, ficariam perto de mim?". Então, a vergonha te distancia até o remorso passar, a consciência deixar de martelar e você se encontrar de novo bem. Até que... "putz, de novo". Mas um dia Paulinho ficou com ressaca moral.

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