Nwardez by Flickr |
Se você está lendo já desobedeceu a primeira expressão que eu disse. Desobediente. Ovelha negra.
Se ainda insiste até essa linha você é um renegado incurável. Tem perguntas que te inquietam e talvez até duvide de que exista alguém para respondê-las. Nessa caso, já que sua ousadia não tem cura só me resta dizer "bem-vindo". Ouso assumir que sou louco e comentar as falas de um homem mulherengo. Todavia, uma pessoa inquietante.Em sua história preferiu a sabedoria do que as mulheres. E não é que por ter sido sincero nesse pedido ele não ganhou justamente sabedoria, mulheres e riqueza. Haja sorte assim para um homem só. Porém, quem caminha atrás de sabedoria acaba por descobrir estranhas verdades. Como disse um personagem de um livro que será lançado: Não busque a verdade se não estiver disposto a aceitá-la quando a encontrar.
Eis o início do falatório:
Sábio Mulherengo, vulgo Salomão, em seu segundo livro denominado "Eclesiastes":
Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.Já lhe ocorreu aquela sensação de "para que raios eu estou fazendo isso?", comigo já e inúmeras vezes. Acho cômico o início de um sermão de um velho sábio começar com "vaidade... vaidade... vaidade". O que menos admitimos na vida é que somos vaidosos. Fazemos isso ou aquilo para os outros mas prestamos relatórios e colocamos fotinhas nossas chorando nas redes sociais. Vaidoso! Trabalhamos duro e gastamos com nós, ou nossa família, é claro. Para que? Para todos terem o melhor, serem os melhores e no final das contas podermos dizer que estamos bem. Vaidosos! Fazemos rituais religiosos e contamos para todos, obviamente, disfarçadamente entre uma linha e outra em um contexto que foi costurado singularmente para não parecer ostentação. Vaidosos! E no fim de um pensamento como esse refletimos: "que diferença isso faz!" O sol sobe e desce, o vento vai e volta, as águas seguem ignorando o fato de clicarmos elas no Instagram. E assim, trabalhamos em um sistema humano que não precisaria existir. Geração após geração. Repetindo um ciclo que propagamos não haver anteriormente existido. E como aqueles loucos que afastamos em hospitais psiquiátricos, também levamos nossas vida dizendo que somos normais e, diferentemente, caminhamos nas ruas sendo apenas "nós mesmos".
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.
Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.
Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.
Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.
Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento.
E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
Eclesiastes 1:1-18
Então, tirando as fotos dos álbuns e os livros que sobreviveram ao tempo, temos um pedaço da imensa verdade do que foi o passado. Julgamos ser completa, todavia, o mais completo livro ainda é incompleto em relação ao todo que aconteceu realmente.
O velho foi rei, teve muitas mulheres. Muitas mulheres, mesmo! E se dedicou a desvendar algumas perguntas. E percebeu que tudo isso, até o motivo que lhe fez escrever o livro, era vaidade e não só isso, como também aflição. "Porque?" Pergunta você todo afoito esperando ouvir a resposta. É simples, por que você não obedeceu o que deveria ter obedecido: #NAOLEIA. Procurar o conhecimento implica em descobrir verdades. E mesmo que você diga que está pronto para elas. Bem, meu amigo: VOCÊ NÃO ESTÁ! Existem verdades que te enlouqueceriam mesmo você já em sua vaidade dizer: "Eu já vi de tudo nessa vida". Não, você não viu! Muita sabedoria é cansaço (enfado) e quanto mais você tiver mais dor terá porque terá que carregar o fardo de saber dessas verdades e ter que decidir o que fazer com elas.
Assim, o velho mulherengo começou seu segundo livro de sabedorias. Aqui deveria ser a pausa em sua vida. Realmente quer seguir a jornada? Realmente quer ler o que esse amante das mulheres tem a dizer? Quer dor, cansaço? Não busque a verdade se não estiver pronto para aceitá-la quando a encontrar. Digo isso a anos e ninguém me escuta. Não volte aqui amanhã. E acima de tudo, leia qualquer coisa desse blog. Menos essa série, é claro.
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