quarta-feira, 27 de maio de 2009

Harmônicas -- A história das gaitas




Os dias ocilam em belos e cinzentos, a temporada de chuvas passou e o frio chegou, mas chegou com gosto mesmo. Em um dia desses, olhando aquele sitezinho azul chamado orkut encontrei um scrap muito inesperado. Muito inesperado mesmo. Um irmão que muito tempo trabalhou comigo em evangelismos em Santo Antônio escrevia que estava na Bolívia. Pensa! Na Bolívia!

Sabe, vou te confessar algo, eu me enchi de alegria e de orgulho por ter feito parte da história daquele cara, todavia quando os pensamentos diminuiram a velocidade dentro de mim não posso te esconder que pensei assim - Poxa! Eu treinei ele e agora ele foi para Bolívia e eu nem consigui sair do DF! Sei que você deve estar se enchendo de mil argumentos me condenando e lembrando bilhares de passagens bíblicas para me dizer. Mas, tente esperar um pouquinho...

e permita-me dizer o que aconteceu nessa noite...

Na hora que estava remoendo esses pensamentos olhei para um ponto e fiz essa pergunta para Deus. Bom, a resposta que me encheu o coração foi assim, era como se Ele suavemente me dissesse, embora eu não escutasse de verdade aquela voz:

- Garoto, você se lembra quando eu te ensinei sobre os instrumentos? Lembra que um violão não pode falar ao violonista - Toca em Si e em um sambinha de leve! - A grande característica de um instrumento é que ele se entrega à afinação, à clave, à partitura, à melodia que o instrumentista quer tocar. Se é suavemente ou se é em um compasso rápido essa decisão será de quem toca e nunca de quem é tocado. Se lembra disso?

- Se lembra ainda garoto, das gaitas? Elas tem uma particularidade em especial. Elas são criadas cada uma em seu próprio tom. Uma é a gaita em Dó, outra por sua vez é em Mi. Assim elas são, cada uma para sua própria partitura. Agora medite, não tem como uma gaita em um tom específico ser tocada em uma partitura em outro tom totalmente diferente. Cada uma tem suas particularidades e cada particularidade se encaixa exclusivamente para alguns tons.

- Então meu garoto, se decido tocar uma partitura específica hoje, procurarei entre os meus filhos um que seja do tom específico. Então, lindamente tocarei o som que desejo. Se você, não foi hoje escolhido para ser tocado, como pode você reclamar por isso? Para cada um tenho uma partitura, para cada filho tenho uma música, para cada profeta eu tenho uma unção. Assim como cabe a gaita que não está sendo tocada se preocupar em estar afinada para quando chegar sua vez, cabe a você se deixar esperar pelas minhas mãos te buscarem quando fores a hora de entrar em cena e ser tocado por mim. No tempo certo, na afinação certa, na clave certa, na partitura certa, na melodia certa e no tom certo.






Boa noite.

sábado, 9 de maio de 2009

Série - As Mulheres da Minha Vida - Parte I


Conheci mulheres extraordinárias na minha vida, umas pessoalmente e ainda outras impessoalmente. Mas, elas me marcaram muito. Essa seria a parte II da série, todavia como o mês reacende sentimentos inusitados resolvi antecipar um pouquinho na sequência.




A conheci forçadamente, não costumamos escolher família. Se bem que alguns tem essa sorte, se podemos chamar de sorte. Quando criança a observava sem entender muita coisa, apenas um olhar imaturo que observava o cuidado, o zelo e o trabalho dela, sem compreender por completo. Algumas vezes a achava que exagerava naquilo e que faltava convicção para mudar, confesso que quando fiquei adolescente aí que não compreendi mesmo.

Não entendia as lágrimas que ouvia dela durante a noite, ou as orações no quarto ao lado. Percebia que queria mudar de habitat mas faltava alguma éspecie de força. Um dia a noite, com lágrimas e muita raiva de não sei o que, prometi a mim mesmo que faria de tudo que pudesse para evitar qualquer motivo para aqueles choros. Claro, que não compri a promessa várias vezes. Um idiota como eu não tem o costume de ser bem sucedido no que faz. Porém, quando me decidi em abandonar toda a família ou tentar matá-los (risos) acho que ela me olhou e percebeu que não consiguiria conter aquele monstro muito tempo, então fez a escolher mais ridicula do mundo: Ficou ao meu lado.

Passamos tempos difícieis, mas não tão díficeis assim porque sempre tivemos um DEUS que mesmo sem entendê-lo Ele nos amou e nos fortaleceu. Por falar em DEUS, só tive acesso a Ele através dela, só descobri que podia falar com Ele porque a ouvia orar e só reconheci que Ele existia porque O vi responder as suas orações.

Bom um jovem que não acredita em família, não está de acordo com a maioria das regras, e odeia o monopólio e o privilégio, geralmente não tem bom diálogo com os pais. Todavia, aprendi a respeitar todas essas coisas por conta dela e inclusive a "família". Amar meu pai teve uma parcela dela, um homem que nos abandonou cedo e ficou sumido por um bom tempo. Nunca me lembro dela falando mau dele para mim ou dizer que ele seria substituído como pai, por qualquer outro marido dela. Daí nunca acreditei na existência de alguém com um título como padastro. Acredito que boa parcela de amar meu pai, hoje, veio dela. E assim, ela me ensinou que mesmo sem acreditar que tinha uma família, fato era: eu tinha.

Eu a respeito porque ela me respeitou em todos os momentos e assim me ensinou a respeitar. Nunca foi uma mulher que impunha regras sem sentido, só porque "é assim e pronto", mas fazia eu entender que mesmo odiando ter, eu deveria ter juízo nessa cabeça.

Certamente, dizer que ela me ensinou muito com poucas palavras e dizer que me ensinará sempre mesmo calada é um fato. Eu a amo, por simplesmente ter existido nessa louca e confusa vida que levo.

Absolutamente, a melhor mãe do mundo. Uma das mulheres da minha vida, Selma.